Pensa numa pessoa que chora. Muito. De raiva. De tristeza – às vezes. De emoção – o tempo todo. No Google deveria aparecer a minha foto quando fizessem a busca para “manteiga derretida”.
Está passando The Voice na TV – choro. Extreme Makeover – choro. Chegadas e Partidas – choro. Arquivo Confidencial no Faustão – choro.
Filme – choro sempre. Filme verídico – me debulho.
Bilhete pra mãe, mensagem pra irmã, post pro marido, pro pai… – na segunda linha já estou chorando.
Filha dançou na festa junina, se apresentou no teatro, trocou de faixa no karatê – lágrimas torrenciais.
Vídeos motivacionais no You Tube – fudeu! (desculpe, mas não há outra palavra).
E eu nem estou falando de quando estou na TPM ou quando estava grávida. Daí é ladeira abaixo… Como diria minha querida Fafá de Belém, há uma nuvem de lágrima sob meus olhos…
Agora imagina eu, indo até o Hospital Santa Marcelina, fazer um trabalho lindo com crianças doentes…. Meu Senhor! Foi punk, não houve estrutura emocional para trabalhar decentemente. Era uma manhã e uma tarde onde haveriam oficinas de instrumentos e músicos visitando os leitos para trazer um pouco de alegria àqueles dias ruins. Logo no primeiro momento em que eu entrei na ala da quimioterapia e vi todas aquelas crianças fofas carequinhas já foi um baque. E daí olhei os pais, me coloquei no lugar deles e… desabei. Precisei sair da sala para não demonstrar a emoção.
E durante o dia todo fui ouvindo histórias tristes, e chorava… e fui ouvindo histórias com finais felizes, e chorava… e fui vendo pessoas indo se doar, voluntários colocando sorrisos naquelas carinhas, e chorava…. e fui vendo os médicos, enfermeiras e todas as pessoas trabalhando, verdadeiros anjos, e chorava ainda mais….
Foi um verdadeiro turbilhão de sentimentos e o maior “tapa na cara” que levei nos últimos tempos. Foi lindo e difícil. Foi uma mistura de:
Gratidão absurda pela sua saúde e pela saúde de quem você ama;
Admiração por todas aquelas pessoas tão evoluídas e por aqueles pais e filhos guerreiros que estão enfrentando essa fase tão dolorosa;
Cobrança por achar que você faz tão pouco para quem precisa e vê o tanto de egoísmo que existe dentro de você;
Tristeza e empatia por quem passa por essa prova da vida;
Lembrança das pessoas que você perdeu por conta dessa doença e de todas que se curaram e renasceram e estão ao seu lado;
Felicidade de saber que o seu trabalho te permite fazer o bem e conhecer essa realidade de uma forma mais leve e muito gratificante;
Uma vontade incrível de sair dizendo para todo mundo o quando as pessoas são importantes pra você;
Um lembrete de como a vida é mesmo tão fugaz (como diria Lulu!). É um wake-up call* imediato. É como se a Ana Maria Braga tivesse dentro da sua cabeça o dia inteiro falando: Acorda, meninaaa!
Enfim, eu realmente desidratei, não consegui segurar a onda e meus óculos escuros foram meus melhores amigos. Eles eram tipo o escudo para o Capitão América, que me protegiam de mostrar a minha fraqueza.

Mas o resultado foi muito positivo. O trabalho foi lindo, conheci pessoas incríveis, fiz o bem e ganhei um bônus. Passei o almoço olhando para esse Clark Kent (abaixo) que apareceu do nada e sentou na mesa da frente. Com certeza veio de Krypton porque aqui nesse planeta não existe muitos exemplares com esses braços e essa boca e com esses óculos fashion por aí. Queria eu que meus óculos escuros fossem de raio-x nessas horas… (safadheeenha!). Porque entre uma lágrima e outra, a gente ainda aprecia a paisagem, porque a gente é chorona, mas não é boba, né não?

P.S: O evento que eu fui produzir é o Viva Cultura, realizado pela Dançar Marketing, com parceria do Ministério da Cultura e patrocínio da biofarmacêutica Astrazeneca. Um trabalho que deixa todo mundo feliz: a gente, o cliente, o hospital e os pacientes. Coisa linda de se ver e fazer.
P.S 2: o Hospital Santa Marcelina é referência em medicina, principalmente na parte de oncologia. Eles atendem a comunidade local, gente do Brasil inteiro que vem se tratar e até de outros países da América Latina. Eles sempre precisam de doações. Muitas crianças chegam lá com fome, ou não tem o que vestir e faltam sempre cobertores porque muitos pacientes levam pra casa quando recebem alta, pois não tem com o que se cobrir em casa. É uma realidade dura e tocante. Vamos ajudar. Procurem no face: @HospitalSantaMarcelina

*Wake-up call: Algo que acontece que faz você perceber que precisa mudar a situação. Acorda, meninaaaaa!
Sensacional, minha amada! Acho que todos nós precisaríamos passar um dia pelo menos num lugar assim para acordarmos para a realidade de tanta gente. Admiro demais os voluntários que se doam e que levam um pouco de alegria e emoção para adultos, idosos e crianças que tão pouco precisam para se sentirem melhor. Parabéns, querida! Texto lindo!
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Super importante. Um trabalho espetacular que eles fazem. bjos
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